Entrevista: Contadora Miriam Silva Braga Fruto
Publicado em
Por Marli Nascimento

 

CT-Miriam-01“O segredo do sucesso profissional é … amar o que se faz e a persistência, nunca desistir, nunca parar de sonhar e na nossa profissão, nunca parar de estudar.”

 

Afirma a Contadora Miriam Silva Braga Fruto, nossa entrevistada nesta edição, para quem, ser uma Profissional da Contabilidade significa um grande desafio: “…hoje, diante das mudanças bruscas no cenário econômico precisamos nos aprimorar, estudar de forma continua e estarmos sempre atualizados com as novas tecnologias de comunicação e informação para informação dos clientes, e, acima de tudo, é preciso ter compromisso com a ética, ser dinâmico, dedicado e gostar do que faz. Ser Contador é ser ativo, passar de uma ação passiva para uma ação proativa. Sair um pouco da nossa zona de conforto e atuar com dinamismo no sistema empresarial”.

Graduada em Ciências Contábeis, Pós-graduanda em MBAs  de “Controladoria e Gestão Tributaria” e “Contabilidade em IFRS”, Miriam Silva Braga Fruto é proprietária da Empresa Contábil “MS Braga Frutto Contabilidade”. Foi Interlocutora do CRC/MS na 4ª Região do Projeto “CRC Vai aos Bairros” em Campo Grande e agora, além do trabalho que desenvolve em seu escritório, está com um grande desafio profissional, foi incumbida de implementar um Plano Contábil para09 Empreendimentos Econômicos Solidários – EES que são cooperativas e do empoderamento do Catador de Resíduos sólidos que é transmitir o conhecimento e a pratica contábil de forma simples e as vezes lúdica para formação do Catador…”.

Casada, mãe de dois filhos, Ingrid e Felipe, é natural da cidade de Antonio Gonçalves, na Bahia.

P. Contadora Miriam, como e quando a senhora chegou a Campo Grande?
Bem, foi algo inusitado, eu fazia parte do Intercambio Jovem da Igreja da Revista Jovem Cristão (correspondência) e conheci um jovem de Campo Grande, o Nilson, nos conhecemos, casamos e vimos morar em Campo Grande, já estamos casados há 19 anos.

P. Quando teve início sua vida profissional? Como foi? Quantos anos a senhora tinha?
Fiz o ensino médio, Curso Técnico em Contabilidade, no Estado de Goiás, só que não atuava na área contábil, porém, fui morar com meus primos que trabalhavam em escritório contábil no Estado da Bahia, aí fui aprendendo e gostando do trabalho, então aos 18 anos comecei a trabalhar no escritório de Contabilidade.

P. Qual o nome completo de seu escritório? Quando foi fundado?
MS Braga Frutto Contabilidade, mas antes quando foi fundado na Bahia, no ano de 1992, tinha o nome de Assecon Assessoria Contábil, assim que mudei para Campo Grande tivemos que mudar o nome do escritório pois já existia um escritório há mais tempo com este nome.

P. Para a senhora o que significa ser uma Profissional da Contabilidade?
Um grande desafio hoje, diante das mudanças bruscas no cenário econômico precisamos nos aprimorar, estudar de forma continua e estarmos sempre atualizados com as novas tecnologias de comunicação e informação para informação dos clientes, e acima de tudo é preciso ter compromisso com a ética, ser dinâmico, dedicado e gostar do que faz, ser Contador é ser ativo, passar de uma ação passiva para uma ação proativa. Sair um pouco da nossa zona de conforto e atuar com dinamismo no sistema empresarial.

P. Quais foram os maiores desafios e gratificações, encontrados na sua trajetória profissional e/ou pessoal, que a senhora elencaria?
Na área contábil foi assumir um escritório ainda jovem aos 20 anos, depois o de entrar na faculdade, pois não tínhamos recursos, meus filhos eram pequenos, e eram tantas dificuldades, mas com fé coragem e persistência, superamos, com a ajuda primeiramente de Deus e depois da família conseguimos e hoje tudo que temos advém dos nossos esforços atuando na área contábil.

P. Além de Contadora e Empresária Contábil a senhora exerce ou exerceu alguma outra atividade. Se sim qual? Como aconteceu? Como esta atividade entrou em sua vida?
Sim, sou evangélica e atuamos na liderança e fazemos trabalhos sociais.

P. Como a senhora faz ou fazia para conciliar o trabalho no Escritório e as atividades extras?
Trabalho juntamente com meu esposo o qual é estudante de ciências contábeis e também já graduando na área do Direito este ano, isso tem me ajudado bastante. Do outro lado temos uma equipe no escritório, não fazemos nada sozinhos, o apoio da família e imprescindível.

P. O fato de ser Profissional da área Contábil facilita ou facilitou sua atuação nesta(s) outra(s) atividade(s)?
Sim, o conhecimento contábil facilita, pois colaboramos sempre em organização documental, atas, registros, fichas e outros documentos.

P. O que a senhora acha do Projeto Voluntariado da Classe Contábil? A senhora participa? De que forma?
É um projeto voltado para ações sociais de voluntariado organizado, como profissional temos também uma responsabilidade Social de solidariedade e compartilhar o nosso conhecimento, não visamos somente o lucro e sim exercitar a cidadania e o amor ao próximo isso me traz uma grande satisfação. Sou cadastrada no PVCC, e quando vem as entidades sem fins lucrativos, associações que praticamente não tem recursos, ajudamos orientando quanto a contabilidade e atualização cadastral como de certidões negativas e organização de atas e registros.

P. Contadora Miriam, a senhora foi Interlocutora do CRC/MS na 4ª Região do Projeto “CRC Vai aos Bairros” em Campo Grande, como foi desenvolver esse trabalho?
Foi um trabalho gratificante, junto ao CRC/MS e os profissionais contábeis da nossa região, a interatividade e o compartilhar do conhecimento junto aos profissionais palestrantes e colegas, resultou para mim um legado de boas amizades.

P. Agora a senhora está com um grande desafio profissional, está incumbida de elaborar o Plano Contábil da Rede Cataforte – Negócios Sustentáveis em Redes Solidárias, como é esse trabalho?
Cataforte é uma parceria entre a Secretaria-Geral, Fundação Banco do Brasil, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério do Meio Ambiente, Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Petrobras e Banco do Brasil. Visa possibilitar a inserção de cooperativas no mercado da reciclagem e a agregação de valor na cadeia de resíduos sólidos.

O projeto da Rede em MS é representado por 04 Cooperativas em Campo Grande, sendo que três se encontram instaladas na UTR – Usina de Triagem e outra no Bairro Nova Lima e as demais cooperativas nos municípios de Terenos, São Gabriel do Oeste, Nova Alvorada do Sul, Tres Lagoas e Paranaíba. É voltado à estruturação e organização para que estas redes solidárias se tornem aptas a prestar serviços de coleta seletiva para prefeituras, participar no mercado de logística reversa e realizar conjuntamente a comercialização e o beneficiamento de produtos recicláveis.

P. Qual o maior desafio que ele oferece para a senhora enquanto Contadora?
É a implementação do Plano Contábil, que é a padronização das 09 (nove) EES –Empreendimentos Econômicos Solidários que são cooperativas e o empoderamento do Catador de Resíduos sólidos, que é transmitir o conhecimento e a pratica contábil de forma simples ou as vezes lúdica para formação do Catador, o desafio é pôr em pratica desde a formalização da Cooperativa de 2º Grau, a parte contábil, fiscal e previdenciária até a fase de comercialização em REDE.

P. Qual a importância de um Plano Contábil para os profissionais catadores de lixo?
A oportunidade dos catadores de recicláveis prestarem serviços de coleta seletiva, bem como a industrialização do vidro e a comercialização dos materiais recicláveis em grandes quantidades, aumentando assim a renda de cada catador, melhorando a qualidade de vida. E, também, por outro lado, contribuir para a solução de um problema ambiental dos brasileiros que é a destinação e disposição adequada dos resíduos sólidos conforme a Política Nacional editada pela Lei Federal n° 12.305/2010 e não a incineração tirando a fonte de rendas destes catadores; essa é a luta no MNRC- Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis.

Como está sendo construir a Contabilidade para esse segmento?
Desafiador, pois temos que realizar a contabilidade dos atos cooperativos e não cooperativos, com base nas Normas Brasileiras de Contabilidade – NBCT – 10.8 e  conforme a Legislação vigente,  tanto na área  fiscal quanto previdenciária e implantar os modelos  junto a cada empreendimento padronizando e ajustando os controles fiscais, até porque praticamente 90% das EES encontram-se  com a contabilidade irregular, falta de atualização documental e algumas se encontram em situação precária, sem falar a falta de recursos, porque  embora o projeto esteja apoiando a parte de treinamento dos técnicos, os custos operacionais são dos catadores, sendo que a carga previdenciária tem um custo elevado para o catador de recicláveis, por isso estamos juntos, auxiliando na organização de cada empreendimento para que a REDE esteja apta a comercialização conjunta. Essa é a motivação de estarmos junto com o movimento, de estarmos usando as nossas ferramentas e instrumentos contábeis para o trabalho em benefício destes catadores e com isso nos aprimorando mais, até porque é uma área pouco explorada  pelos profissionais contábeis.

P. Qual o papel do Contador dentro da Rede?
O objetivo é orientar, a partir do plano de negócios, conforme a legislação vigente, todos os passos da rede no processo da formalização do empreendimento (cooperativa de 2º grau, ou central de cooperativa de Catadores de materiais recicláveis regional), e as consequências de suas atividades no que diz respeito a comercialização, prestação de serviços, as incidências de impostos nessas atividades.

Propor controles administrativos e financeiros, coletar, elaborar e sistematizar as informações para compor o Plano Contábil da Rede Solidaria, atualizar os documentos, enquadramento tributário, qualificar para emissão da Nota fiscal eletrônica, certidões, formar e capacitar os catadores e catadoras da Rede e contribuir para a organização, fortalecimento do empoderamento dos catadores e catadoras.

 P. Contadora, Miriam, em 2014, a senhora foi homenageada pela Câmara de Vereadores. O que significou esta homenagem?
E gratificantes termos o reconhecimento da sociedade na nossa profissão que embora as vezes seja árdua, devido as mudanças ilimitadas das informações, é maravilhosa pois é o resultado daquilo que fazemos por amor e que nos dá alegria e prazer para continuarmos na nossa jornada.

 P. A senhora se considera uma vencedora na sua profissão? Qual o segredo do sucesso profissional?
Sim, com fé em Deus, coragem e muito esforço, superamos todos os obstáculos. O segredo é amar o que se faz e a persistência, nunca desistir, nunca parar de sonhar e na nossa profissão, nunca parar de estudar.

P. Para encerrar, qual a sua mensagem?
Agradeço a Deus, a Ele todo louvor e Glória, a minha família e todos que sempre estão ao nosso lado nos ajudando.

 

O CRC/MS agradece sua participação. Muito Obrigada!