“Sejam éticos acima de tudo. Nada é mais importante que conseguir “deitar a cabeça no travesseiro” e dizer, “posso descansar”, “não fiz nada de errado”. E, acima de tudo, sejam profissionais comprometidos com o fazer contábil contribuindo para que a nossa profissão cada vez mais contribua para o crescimento do nosso País… Isso realmente vale a pena”.
Nosso entrevistado dessa edição do Boletim do CRC/MS é o Contador Luiz Henrique de Souza, Técnico em Contabilidade, Graduado em Ciências Contábeis e Pós Graduado em Controladoria e Gestão Tributária.
Natural de Paranaíba/MS, reside em Campo Grande desde 1976. Casado, pai de uma filha, é proprietário, juntamente com mais 03 sócios, da Empresa BHECA – Bezerra Henrique Contabilidade Auditoria S/S Ltda, fundada em 1988.
Foi o 7º Presidente do CRC/MS do CRC/MS – Conselho Regional de Contabilidade do MS presidiu a entidade nas gestões 2004/2005 e 2006/2007; foi Conselheiro Efetivo do CFC – Conselho Federal de Contabilidade nas gestões 2008/2011 e 2012/2015 representando Mato Grosso do Sul; Coordenador Adjunto e membro da Câmara de Registro do CFC; Membro da Câmara de Controle Interno do CFC no biênio 2012/2013 e Vice-Presidente Administrativo do CFC no biênio 2012/2013 e 2014/2015. É Conselheiro Suplente do CFC na gestão atual.
P. Contador Luiz Henrique, quando teve início sua vida profissional?
Iniciei minha vida profissional em 1988, eu estava com 22 anos de idade, recém-casado, com uma filha, todo começo é difícil e o meu não foi diferente, sem clientes para arcar com as despesas básicas (aluguel, agua, energia, telefone …) ainda despesas pessoais (família, faculdade e prestação de financiamento casa e veiculo) foi com ajuda da família (sogro) e com meu sócio irmão que passei essa fase inicial.
P. Por que escolheu a Profissão Contábil?
Quando jovem, no meu primeiro emprego, tive a oportunidade de conhecer um contador que até hoje é o meu espelho de vida e meu sócio. Por isso escolhi ser CONTADOR.
P. Para o senhor que significa ser um Profissional da Contabilidade?
A contabilidade desde seu surgimento, sempre teve grande importância na vida das pessoas. Com base nisso, ser um profissional contábil antes de mais nada é ser ético, ser fugaz, e atingir o resultado pretendido.
P. Como o senhor analisaria a Profissão Contábil hoje?
Esta profissão não era reconhecida pelos usuários da informação contábil. Com a evolução da economia, o ambiente empresarial se tornou mais competitivo. A partir de então, percebeu-se que era preciso um diferencial para que a empresa se destacasse perante as outras. Atualmente até os pequemos empresários procuram na contabilidade uma forma de melhorar a administração do próprio empreendimento. Isso é bom.
P. Quais os principais avanços que a profissão alcançou em sua opinião?
Reconhecimento. Este é o melhor avanço. Foi dado a profissão o verdadeiro grau de importância.
P. Em sua opinião, quais as principais dificuldades encontradas pela categoria contábil, hoje?
Na minha opinião, a maior dificuldade seria o tempo para poder digerir e aplicar a ampla gama de complexidades da profissão.
Com a abertura da economia brasileira para o exterior, fato que colocou nossas empresas em contato direto com economias mais avançadas, inclusive com títulos negociados nas bolsas de maior movimento no mundo, e ao alcance dos investidores sediados em outros países, em consequência, ficou muito claro que a diversidade de práticas contábeis entre as diversas economias representava um significativo custo extra e uma dificuldade a mais para a indispensável troca de informações e a convergência para as normas internacionais.
A necessidade, portanto, de harmonização das normas contábeis passou a fazer parte das preocupações do Conselho Federal de Contabilidade, do qual resultou uma série de medidas já em andamento.
A qualificação da mão de obra para aplicar as novas normas e, principalmente interpretar os impactos a cada tipo de negócio é o principal desafio, uma vez que tal capital intelectual é escasso em nosso mercado de trabalho, ou seja; para atender às mudanças é preciso dar um passo para trás e investir em qualificação profissional.
As mudanças frequentes no sistema tributário e as novas regras para a escrituração contábil exigem das empresas a participação de profissionais treinados e atualizados.
Estamos vivendo numa era digital em que o fisco, usa a tecnologia para atingir mais rápido seus objetivos.
Hoje, apenas no âmbito Federal temos mais de trinta obrigações acessórias representadas por declarações e arquivos digitais compulsórios, dentre as principais estão: a DCTF, o DACON, ECD, ECF a DIRF, a GFIP/SEFIP, a DITR, a DIMOB, a PER/DCOMP, a EFD-Contribuições, a EFD-IPI/ICMS, a DOI, a DIMOF, a DCIDE, a DECRED, a DEREX, a DICNR, a DMED, a DNF, a DSPJ, a DTTA, o MANAD, etc.
Cada uma dessas siglas representa um tipo obrigação que exigem determinadas informações por parte do contribuinte, não obstante a complexidade das informações específicas exigidas em cada uma delas, ainda há que se considerar os prazos diversos, podendo ser mensal, anual ou de acordo com a necessidade, como no caso da PER/DCOMP que varia de acordo com a data de vencimento do tributo que se deseja compensar.
P. Como o senhor viu a criação do Conselho Regional de Contabilidade do MS. O senhor chegou a participar do processo? O que significou para a Classe Contábil?
O Regional do MS foi criado em 1985, minha participação no CRC MS deu início em 2002.
Foi o reconhecimento por parte do CFC do trabalho de um grupo de profissionais atuantes e de destaque que atuam até hoje que contribuem para o desenvolvimento deste Estado pujante que já tinha 06 anos de criação e ainda era vinculado ao Estado de MT.
P. O senhor foi o 7º Presidente do CRC/MS, presidiu a entidade por duas gestões: 2004/2005 a 2006/2007. O que marcou nesse período?
Muito envolvimento com os profissionais contábeis, aproximação do conselho com estes profissionais de forma educadora sem deixar de punir as infrações, passamos a ouvir a categoria em suas bases saber o que acontece e o que poderia ser feito para melhorar aquilo que não estava bem através de reuniões, direcionamento de cursos, treinamentos, palestras.
Aproximação com os órgãos de controles (federal, estadual e municipais), com as instituições de ensino, e com os usuários da contabilidade (CDL, Associação Comercial, Bancos, MPE, TCE, TRE…). Nosso objetivo foi aproximar o profissional contábil do Conselho e conseguimos.
P. O que caracterizou suas gestões?
A aproximação dos profissionais com o Conselho, participando da gestão, iniciando uma nova modalidade de gestão e quebrando um paradigma de que o conselho somente é para punir.
P. O senhor ocupou vários cargos no Conselho Federal de Contabilidade. Foi Conselheiro Efetivo; integrou as Câmaras de Registro e de Controle Interno e foi Vice-Presidente. Como foi chegar até aí e o que marcou esse período?
Tudo isso só foi possível pelo prestigio que o Regional do MS conta no CFC, através dos trabalhos realizados pelos seus Presidentes sempre nos colocou em destaque num cenário de gigantes.
P. Como foi a experiência de ser Vice-Presidente do órgão máximo da Contabilidade?
Minha vice-presidência foi na área administrativa onde dividia minha dedicação nos 11 departamentos que compõem esta vice-presidência (financeiro, contabilidade, departamento pessoal, ISO, licitação e contratos, gestão de pessoas, passagens e diárias, logística, transporte, manutenção e protocolo.
Como Vice Presidente tive a oportunidade de participar do Conselho Diretor, pude acompanhar a execução dos trabalhos técnicos e administrativos do CFC, apreciar seu desempenho e formular sugestões para o aprimoramento do Sistema CFC/CRCs.
Todas essas oportunidades fizeram com que meus conhecimentos sobre o sistema CFC/CRCs aprimorassem e pude contribuir para o crescimento e controle deste grande (gigante) sistema.
P. E agora? Qual será o próximo passo? A presidência?
Agora o próximo passo é cumprir o restante do mandato como conselheiro suplente.
P. O senhor é ou foi Vice Presidente da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul. É um Profissional da Contabilidade ocupando uma cadeira no órgão. O que significa isso para a Classe Contábil?
Fui vice-presidente da JUCEMS na gestão do governador André Puccinelli.
Esta indicação mostrou para a classe contábil que os Contadores têm que participar mais da política partidária como atores (fazer parte da história), foi assim que construímos essa vice-presidência através de uma filiação partidária motivada por uma expressiva votação nas eleições no Regional. (Independente de sigla).
No governo anterior chegamos a Presidência também por filiação partidária (Independente de sigla). É assim que funciona.
P. Como o senhor vê a participação do Profissional da Contabilidade na política?
Deveria ser mais intensa, tenho certeza que uma participação efetiva nos traria mais participação tanto no legislativo, quanto no executivo e nos cargos de primeiro escalão dos governos. É fundamental uma relação de boa convivência com os Poderes constituídos para que, assim, alcancemos os nossos objetivos, que é o de uma classe profissional cada vez mais valorizada e respeitada.
P. Contador Luiz Henrique, para encerrar, que conselhos o senhor daria aos Profissionais da Contabilidade Sul-Mato-Grossenses?
Sejam éticos acima de tudo. Nada é mais importante que conseguir “deitar a cabeça no travesseiro” e dizer, “posso descansar”, “não fiz nada de errado”.
E acima de tudo sejam profissionais comprometidos com o fazer contábil contribuindo para que a nossa profissão cada vez mais contribua para o crescimento do nosso País, com a geração de riqueza, emprego, saúde, escolas… e dias melhores. Isso realmente vale a pena.
Muito obrigada pela entrevista. CRC/MS agradece sua participação.
