Este Cidadão Não Pode Ser Esquecido. Mesmo Depois de Morto, Ele Continua ao Nosso Lado.
Por Wilson Marques Barbosa
No início deste mês de junho, registramos, e não comemoramos, os cinco anos do falecimento do laureado Contador Doutor Acadêmico e meu grande amigo e irmão Antônio Lopes de Sá, com quem convivi mais de 40 anos, usufruindo de sua sabedoria profissional e na condição de maçons ativos.
Numa destas cartas epistolares, creio que devido também a amizade que detínhamos, chegamos a filosofar até mesmo sobre os mistérios da vida e em particular sobre as nossas atividades cotidianas, e o Mestre dos Mestres uma vez assim se expressou: “Quando iniciamos esta aventura chamada vida, não sabíamos que incríveis alegrias e tristezas que experimentaríamos à frente, nem tínhamos noção do quanto precisaríamos um dos outros. Mas, ao chegarmos ao final de nossa jornada da vida, já sabíamos muito bem o quanto cada um foi importante para nós”.
Em outra correspondência, assim se encontra escrito: “Conseguimos o espaço, mas não o nosso próprio. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nossos preconceitos, escrevemos mais, mas aprendemos menos, planejamos mais, mas realizamos menos. Fomos e voltamos à lua, mas temos dificuldades em cruzar a rua e cumprimentar um novo vizinho”.
Eu, de minha parte, nunca deixei de responder suas missivas que tantas vezes me emocionava. Lembro-me de uma quando o assunto dizia algo sobre as leis contraditórias, ele assim se reportou “a adversidade desperta em nós capacidade que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas”. Outra vez, quando discorríamos sobre a escola da vida que tem por objetivo polir as pessoas, lembrei-lhe a frase do famoso Martim Luther King: “Não somos o que deveríamos ser, não somos o que iremos ser, mas graças ao Grande Arquiteto do Universo, não somos o que éramos”.
Na década de 70, tendo eu menos de 40 anos, demonstrei-lhe certa ansiedade e dúvidas quanto a uns procedimentos que estaria prestes a executar ou não, nos arcanos profissionais e eis sua lição, que arquivei no subconsciente para sempre. Ele lembrando Victor Hugo, posicionou-se assim “Desejo que você, sendo jovem, não madureça depressa demais. E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer e que sendo velho, não se dedique ao desespero, porque cada idade tem seu prazer e sua dor e é preciso deixar que escorram entre nós”.
Concluindo este lembrete de memória e lucidez do emérito Mestre, registro aqui um de seus escritos básicos, que a meu ver, trata-se de uma obra prima para a posteridade. “Minha obra é de todos os que buscam no conhecimento uma luz para abrir caminhos e espero que nesta página encontrem algumas diretrizes. Será sempre um prazer ser útil porque esta é a missão que entendo, seja a da vida dos que colocam o ideal e a prática da verdade acima das coisas materiais, ou seja, o SER ACIMA DO TER. Meus livros, meus artigos, minhas conferências, meus cursos, minhas teorias, minha ciência, são oportunidades que o destino me ofereceu para que pudesse dar a todos o que tanto me foi oferecido por DEUS” (Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá).
Seremos eternamente gratos por todo o conhecimento que o Dr. Contador Antônio Lopes de Sá dividiu conosco e por sempre mostrar-se humilde diante de tamanha capacidade, sobejamente conhecida no mundo todo. O falecimento deste grande ícone das Ciências Contábeis e empresariais, que nos acompanhou por mais de 50 anos, ministrando palestras e conferências, sempre mostrando excelência de conhecimentos sobre diversos assuntos, tanto em ciências exatas como em humanas, Lopes de Sá, era um exemplo de simplicidade e carisma que os Contadores brasileiros, estão sentindo sua falta em nosso cotidiano.
A vida nos ensina nunca deixar um sonho esmorecer. Sua vida e seus exemplos serão o diapasão cultural que nos foi transferido pelo seu caminhar solene e altaneiro, mostrando-nos que sempre podemos receber o que pedimos. Também com ele aprendemos ainda a aceitar com muita resignação o que pode nos ser ofertado – sua ausência -.
Concluindo, faço aqui o registro do escrito que nos deixou o poeta patrício Guimarães Rosa: “DEUS nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria…depois, retoma pessoas e coisas para ver se somos capazes de praticar a alegria sozinhos”. Essas são as alegrias que ele quer.
* Wilson Marques Barbosa – É Contador, Consultor e Auditor Independente, Docente aposentado da UFMS, Membro da Academia Maçônica de Letras do Estado de Mato Grosso do Sul (Cadeira Vitalícia Nº 37). Foi o primeiro Presidente do CRC/MS – Conselho Regional de Contabilidade de MS (gestão 1986/1989).
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